Projeto sobre “As várias vidas do ser humano” inspira trabalho de Ética e Cidadania
Estudando sobre As várias vidas do ser humano, a turma do 8º Ano se deteve na vida esportiva, com enfoque no aspecto da ética se contrapondo ao fanatismo. As atividades foram programadas com o objetivo de favorecer que os alunos refletissem sobre a importância do equilíbrio em todas as vidas, preparando-se para viverem da melhor forma o Torneio Esportivo, realizado pelo Colégio no início de julho.
A docente Ana Luiza Severino esteve nas duas turmas do 8º Ano e falou para os alunos sobre sua experiência (*). Em seguida, todos foram convidados a participar de uma dinâmica que recebeu o nome de Desafios Éticos. Nessa atividade os alunos completavam a seguinte frase: “O que você faria se no Torneio Esportivo...”. Depois de recolhidas todas as frases, os alunos manifestaram o que pensavam sobre cada situação e como agiriam, procurando atuar o mais próximo de uma atitude ética e responsável, com o cultivo interno de valores.
Alguns exemplos de situações tratadas sobre a pergunta “O que você faria se...”:
...durante a partida de futebol, a bola batesse em sua mão e o juiz não visse?
...você fizesse um gol, resultado de uma falta ou algo incorreto? Falaria ao juiz?
...um jogador do seu time tivesse uma discussão com o juiz?
...acontecesse uma briga durante o jogo?
...seu melhor amigo fosse muito ruim e contribuísse para levar o time à derrota?
...um colega te pedisse para vaiar o outro time?
...um colega do time adversário se machucasse e só você visse?
...sofresse uma falta e o juiz não a marcasse?
...observasse seu melhor amigo trapaceando no jogo?
...se deparasse com um colega machucado no chão?
A professora Luciana Moreira manifestou que planejou trabalhar com o conceito logosófico de pensamentos, apresentado pela Logosofia como “forças que atuam no mundo, dentro e fora do ser, influenciando seu ânimo”, alertando os adolescentes para as correntes mentais que se apresentam no mundo e preparando-os para atuar de forma elevada nas situações que poderiam viver durante o Torneio. Relatou também que a atividade repercutiu de forma muito favorável em todos, criando um ambiente de muita alegria e entusiasmo.
Depoimentos dos alunos evidenciando a repercussão do relato da experiência de Ana Luiza Severino:
“O pensamento de fanatismo tirava toda a liberdade interna da Ana Luiza, impedindo diretamente, sem ela perceber, que fosse feliz. Ela conseguiu reconhecer, depois de muito esforço, qual era esse tal pensamento que estava tirando sua liberdade e fazendo com que ela passasse por tantas situações constrangedoras. Hoje ela sabe conviver com o que gosta, desfrutando de forma moderada e sem fazer mal a ninguém ou a si mesma. Esses foram os aspectos que eu achei mais legais e interessantes”. Antônia Penido Dumont
(*)Em 2011 ocorreu em Belo Horizonte o Congresso Internacional Juvenil de Logosofia, reunindo mais de 400 jovens estudantes. Esse encontro representou a culminação de um estudo sobre a Liberdade, que deu origem ao livro “Ensaios sobre liberdade”, onde todos os jovens escreveram artigos, relacionando o que tem vivido com a conquista da liberdade interna. O artigo que a Ana Luiza escreveu sobre “Estou presa a campanha do meu time de futebol?” e que foi publicado nesse livro, foi usado durante as aulas de Ética e Cidadania do 8º ano.
Segue abaixo o seu texto.
Estou presa à campanha do meu time de futebol?
Ana Luiza Severino Rossi de Oliveira – Belo Horizonte/MG
Todos conhecem alguém que é fã de uma banda, um artista, um time de futebol. Tratando-se do time do coração, é comum ocorrer uma paixão incondicional, muitas vezes influenciada desde a infância pelo pai, tio ou avô. O humor desse torcedor varia de acordo com a campanha do seu time. Se este ganha, está feliz e animado, além de zombar dos colegas que torcem pelo outro time. Mas, se o time perde, começa o tormento: não aceita ser motivo de chacota, além de ficar irritado e triste.
Eu vivia presa a essa realidade, mas algo me incomodava muito.
Certo dia, eu e minhas amigas marcamos de nos encontrar em um restaurante, para colocar a conversa em dia. Estava tudo bem, brincávamos, dávamos boas gargalhadas, até chegar um conhecido de uma delas e sentar-se conosco.
Mas qual era o problema? O que deu errado? Descobri que ele torcia pelo time rival ao meu. Logo não me contive e começamos a falar de futebol, um defendendo seu time e desmerecendo o do outro. O tom de voz ia aumentando, cada um queria impor o que pensava, criando um clima ruim na mesa.
Depois de algum tempo, minha amiga falou: “— Chega, já passou da hora de terminar com esse assunto.” Seu amigo imediatamente levantou-se da mesa. Eu estava um turbilhão por dentro e, ao mesmo tempo, chateada com o que havia ocorrido. Queria esconder-me debaixo da mesa.
Depois de um tempo, com a mente mais serena, voltei os olhos para a minha atitude, para o meu mundo interno, tentando identificar por que ficava incomodada com tais situações, já que não era a primeira vez que atuava dessa maneira. Afinal, se muitas pessoas agem assim, eu pensava ser normal.
Identifiquei algo importante dentro de mim: a existência de um pensamento que tira a minha liberdade de sentir e pensar – o fanatismo. Esse pensamento pertence a uma corrente mental negativa, que utiliza de mentes com pensamentos afins para ganhar força e atuar. Quanto mais mentes conseguir afetar, mais rápida será sua expansão.
Ele era tão dominante em mim que muitos só vinham conversar comigo sobre futebol, relacionando a minha pessoa ao meu time. Perdi oportunidades de conhecer melhor as pessoas, de transmitir o que eu pensava e proporcionar conversas agradáveis, vinculando-me a elas por outros pensamentos afins.
Ao ver claramente o mal que me estava fazendo, fiquei feliz. Sabendo a causa de vários momentos de infelicidade, percebi a possibilidade de mudar essa característica. Desde aquele dia intensifiquei meus estudos sobre mim mesma e a análise das experiências vividas de forma científica. Tenho conseguido combater essa falha psicológica, fortalecendo e criando pensamentos positivos que me ajudam nessa luta diária, como a simpatia, a contenção e a confiança em mim mesma, nas minhas novas maneiras de pensar, falar e agir.
Não foi necessário abrir mão de torcer pelo meu time. Aprendi que devo adestrar esse pensamento para que eu o domine, e não o contrário.